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espirito de mulher, com as causas economicas que deram origem ou, pelo menos, apressaram o aparecimento desse novo tipo feminino. Procurou registar o facto social, estudando-o a sorrir, dissecando-o como se fizesse uma lição de anatomia sobre uma boneca que escondia uma alma uma alma em que poucas almas tinham reparado. E, até sob a sua ironia, que estranhos elementos humanos Ela consegue trazer para a luz! Demonstram-no, sobretudo, as «Pedras Falsas» e alguns dos trabalhos que neste livro se recolhem, como «Impressões de Silvina, viuva», que é uma pequena obra-prima; o «Dialogo entre a materia e o espirito duma mulher bonita», «Clotilde, Clarinha e Clarisse» e muitos outros, entre os quais algumas novas cartas, plenas de compreensão, de graça e de humanidade.

Mas as «Memorias duma mulher da epoca», como as novelas «O tutor» e «O tranzeunte», fazem parte de outro sector espiritual de Diana de Liz. A ironia foi substituida pela ternura. A critica, pela compreensão.

E assim, quando em 1929 eu insisti contra a sua modestia tão natural e tão expontanea, incitando-a a preparar um original para publicar em livro, Ela voltou

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