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Diana de Liz: Memorias


 

muitas vezes possui méritos autênticos ou quem tem pelo menos, o merecimento de trabalhar, são-me particularmente antipáticos. Demolidores sistemáticos do trabalho alheio, bom ou mau, nada fazem, nada preduzem e falta-lhes, geralmente, a mínima autoridade para julgar êsse trabalho. Dão, em meu entender, mostras de covardia ao atacar escritores e artistas, abrigando-se por detráz da muralha do direito à critica — e livres, ao mesmo tempo, dos ataques da crítica dos outros, porque nada conseguem obter de si próprios, a não ser o veneno expelido em jactos sobre os que não são seus afeiçoados ou seus dependentes...

São comparáveis a certos músicos mediocres, que depreciam a técnica e o sentimento dalguns artistas que os excedem imensamente em valor. Assemelham-se a alguns dilettanti ignorantes que, não tendo soltado nunca da garganta senão sons roufenhos, pateiam impiedosamente a mais leve alteração da voz dum cantor ou cantora, sem se lembrarem de que êsse artista é, provavelmente, muito mais sensivel e susceptivel de perturbações físicas e morais do que êles. Egoístas comodamente postados de palanque, a sua maior preocupação consiste, freqüentemente, em denegrir em arte e em moral o próximo, por chic ou por inveja.

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