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duma mulher da epoca


 

Não resisti a dar-lhe uma liçãosinha.

— Então, então, sr. Leal! — disse-lhe, em tom amável. — Nada de exagêros! Com os seus talentos, — tive a coragem de pronunciar estas palavras —com a sua clara inteligência, tem o dever de ser indulgente para com as inferioridades dos outros!... Olhe que os homens de reconhecido valor, como o senhor, só imparcialmente e sem intensões agressivas devem julgar os mediocres... O J. G., ao contrário do que o senhor me disse há pouco, tem realmente obras de feliz ironía e espírito incontestável... Já leu o Bezerro de Oiro, o último livro dêle?

O sr. Martinho Leal enguliu em sêco.

— Não, êsse ainda não li...

— E a Vitória do Amor, o penúltimo ?

— ... Tambem não... Mas tenho lido outros. Aquela crítica ao Sonho Azul do Alberto de Matos, um homem de tanto merecimento e que, demais a mais, já morreu, é rancorosa, está repleta de má vontade...

— Rancorosa? Mas eu já li essa crítica e não vejo em que ela seja rancorosa! O J. G. reconhece bem claramente o talento do Matos, não regateia louvores a alguns trabalhos dêle e apenas discorda de certas teorias reveladas nêssas paginas, no que está em pleníssimo uso dos seus direitos de crítico que, por

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