seu lado, se não esquiva à crítica dos outros, por que bastante produz... Em todos os tempos as obras científicas e literárias têm sido discutidas e apreciadas, favorável ou desfavorávelmente, em vida dos autores e depois da sua morte... Mas o senhor já leu essa crítica? Recorda-se bem da sua feitura?
O sr. Martinho Leal tossiu ligeiramente.
— Não li... isso é verdade... Mas sei como está feita... porque sou amigo do Oliveira de Melo que acudiu, no Orgão da Justiça, a defender a memória e a obra do Alberto de Matos... Demais, eu conheço muito bem o J. G... Quem êle é, sei eu!
— Então já deve ter-lhe notado, certamente, a sua tão rara erudição, admirado o seu tão perfeito conhecimento dos clássicos...
— Eu não digo que êle seja um ignorante... Mas olhe que, pelo lado moral, deixa tambem muito a desejar... Lembrar-me eu de que está ligado, há tantos anos, a uma mulher que já tinha andado, em público, de braço dado com o Filipe Cardoso!
Puz-me a rir.
— Mas, deveras, acha isso um grande desdoiro para um homem?
— Se até dizem que ela lhe é infiel!
— Pois olhe que se o é, êle não o suspeita. Eu tambem o conheço um pouco... o bastante para es-
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