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Diana de Liz: Memorias


 

que êle só daqui a dois anos deixa a Escola Médica e que isto de passar ainda vinte e quatro meses a escrever e a receber aquelas cartinhas que tu conheces, sem qualquer outra espécie de distração, a não ser uns bocadinhos de tagarelice com êle, é uma coisa que me vai maçar atrozmente. Todos sabem que eu não danso em parte alguma, porque o José não dansa e não me deixa dansar com outros. Não vou ao teatro senão quando êle vai, porque, de contrário, escandalisa-se e diz que não compreende como uma noiva se sinta bem em divertimentos onde o seu noivo não esteja. Cá em casa são doidos por êle, e dão-lhe razão em tudo. E eu, francamente, não me sinto com coragem para passar os meus dois ultimos anos de solteira assim nesta insipidez. Quero divertir-me um poucochinho, acabou-se! Parece-me que tenho direito!

EU — E então? Já descobriste alguma fonte de distrações compativeis com a tua situação de noiva...?

MILÚ — Sabes de que me lembrei? De arranjar um amiguinho daqueles de que falam os romances e como a Isabel diz que há em Inglaterra. Ela ainda se escreve, até, com dois dêles. Lá, as raparigas convivem com os rapazes, á vontade, mesmo sem haver namoros, e êles tratam-nas, a elas, como irmãs. São os seus confidentes e divertem-se assim grandemente.

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