vando-te os olhos, roubando-te o sono e fazendo sorrir os outros.
O velho proverbio «Nunca o invejoso medrou nem quem ao pé dêle morou», só na primeira parte pode considerar-se exacto, porque é certo que os invejosos não florescem. «Quem ao pé dêle morou» quere dizer, porém, os invejados. E os invejados florescem lindamente, formidavelmeate, como roseiras em Maio, como cravos no S. João.
Dir-se-ia que o fluido malévolo que em torno dêles paira, tem, ao contrário do que poderia supôr-se, propriedades adubantes, fecundantes, para desespero do próximo ruim, que desejaria vê-los sequinhos, mirrados como ramículos de carqueja velha.
Reflete, interroga as tuas reminiscências, recapitula as tuas sensações e serás forçada a concordar comigo.
Urge, pois, estrangulares a maldita serpente da inveja, que te corróe o espírito, que te arruina corpo e alma — sem prejuizo para mais ninguem. Foi para ti um agudo golpe a exibição dos dois modelos da Régny em que Julieta — feliz Julieta! — envolve, alternadamente, o corpinho ondulante? Pois bem, toma a desforra: corre a qualquer loja de modas de terceira ordem, escolhe um tecido de algodão de oito mil réis o metro, mas cujo estampado seja lindo; faze tu própria um vestido, segundo qualquer figurino gracio-
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