immemoriaes na Persia, na Arabia e no Egypto.

Herodoto diz que os habitantes da India já de muitos seculos faziam uso dos tecidos de algodão.

Arriano confirma a narração do pae da historia e menciona o nome indico do algodoeiro, que é Taka.

No tempo de Strabão, isto é, quatro seculos e meio depois de Herodoto, o algodoeiro já era cultivado na entrada do Golpho Persico.

Meio seculo mais tarde, Plinio nos diz que esta planta, denominada gossypion ou xylon, era conhecida no alto Egypto e na Arabia; Theophrasto citava entre as producções da ilha de Taylor, no Golpho Persico, uma planta que pela sua descripção é o proprio algodoeiro.

Se os gregos e os romanos no se apropriaram de uma planta preciosa que encontraram nos paizes conquistados pelas suas armas, isso foi devido a que esses povos pouco industriosos e pouco versados nas sciencias naturaes, desdenharam enriquecer os seus respectivos paizes com uma producção que lhes offerecia a via do commercio, ou por pensarem que o algodoeiro sendo uma planta exotica, no era susceptivel de ser cultivado em climas menos quentes do que aqueles onde o acharam.

Os arabes, pelo contrario, com menos gosto da litteratura e das bellas artes, excederam aos gregos na arte agricola, e pelo menos, igualaram aos romanos.

Como quer que seja, os monumentos da historia, os factos e as provas ainda existentes attestam que esses povos, hoje tão atrazados, melhoraram a cultura na Europa, e introduziram em toda a parte, aonde chegaram, muitas produces exoticas até então desconhecidas.

O commercio dos tecidos de algodão remonta igualmente a epocha mui antiga.

Arriano no seu periplo do mar de Erythréa, refere que os arabes traziam algodão da India até Adulea no mar Vermelho; que Baygara (hoje Baroche) era o centro desse commercio.

Masalia (Masulipatum) possuia então, segundo esse autor, as mais afamadas fabricas e as casas de Bengala gozavam então da mesma reputação que hoje.

Foi sómente no principio da éra christã que o commercio dos tecidos de algodão se estendeu do Oriente para a Grecia e o Imperio Romano.

No decimo terceiro seculo o Turkestan, fazia com a Criméa e a Russia um commercio activo em tecidos d'algodão, e na Armenia se fabricaram esses tecidos, cuja materia prima vinha da Persia.

O algodoeiro foi introduzido na China pouco mais ou menos em 1368, epocha da invasão tartara, não obstante a viva opposição dos operarios da lã e da seda.

Deve-se á invasão musulmana a cultura do algodoeiro na Africa, e a fabricação dos tecidos de algodão.

Sabe-se que no decimo terceiro seculo existiam florescentes fabricas de tecidos de algodão em Fez e Marrocos, e que no fim do decimo sexto se importaram em Londres varios artefactos de algodão fabricados em Benin.

Finalmente as fazendas de algodão que servem para vestir as nações da Africa central são fabricadas alli mesmo.

Não obstante as asserções contrarias, se dermos credito ao historiador Solis, os habitantes da America já usavam de fazendas de algodão antes da conquista, e elle cita os presentes enviados ao Rei de Hespanha, mantos, lenços, tapetes, etc, de algodão.

Parece que em alguns pontos do Brasil, essa industria já era conhecida muito anteriormente á descoberta.

A introducção do algodoeiro na Europa remonta ao nono sculo, e sua cultura foi devida invasão dos sarracenos na Hespanha. Os primeiros algodoeiros que se viram na Europa, foram cultivados nas planicies de Valencia. Cordova, Sevilha e Granada foram celebres pelas suas fabricas de algodão no decimo quarto seculo, e Barcelona já era conhecida no commercio como