te conto, Paulo, ele exclamaria sem dúvida:
"É impossível! Essa mulher não existiu!" E o mundo teria razão.
A Emília, de que eu te falo, não existiu para ninguém mais senão para mim, em quem ela viveu e morreu. A Emília, que o mundo conhecera e já esqueceu talvez, foi a moça formosa, que atravessou os salões, como a borboleta, atirando às turbas o pó dourado de suas asas. A flor, de que ela buscava o mel, não viçava ali, nem talvez na terra.
Seria flor do céu?
Havia no tratamento de Emília uma variação incompreensível.
Às vezes era uma ternura suave e compassiva, como se ela quisesse consolar-me por não ser amado; outras vezes parecia que a minha paixão a irritava. Tinha então o coração áspero e a palavra acre; mas era justamente nessas ocasiões de tormenta que eu via cintilar em seus olhos um raio de amor, e sentia vibrarem as cordas frementes de sua alma.
Uma noite pedi-lhe que não dançasse mais com o Barbosinha; não que eu tivesse ciúmes de semelhante fátuo; mas era ele desses homens ridículos cujo contato mancha uma senhora. Emília recusou, e eu voltei despeitado.
No dia seguinte encontrei-a agastada comigo: