me até de escrever o que eu sentia. Seria a história do meu coração. No dia em que ele me dissesse que eu o amava, sem que o senhor me perguntasse, sem o menor acanhamento, lhe confessaria. Acredite!...

— E seu coração até agora nada lhe disse ainda, D. Emília?...

— Meu coração diz-me que eu o estimo tanto como a meu pai; que o senhor ocupa uma grande parte da minha vida; que sua lembrança gravou-se e não se apagará mais nunca em meu pensamento; que as horas que passo a seu lado são as mais doces para mim; que nenhuma voz toca mais suavemente as cordas de minha alma. Eis o que me diz o meu coração; mas ele não diz que pelo senhor eu sacrificaria tudo, as considerações do mundo, minha família, as minhas afeições e os meus sentimentos; ele não diz que o senhor bastaria à minha vida, e a encheria tanto, que não houvesse mais lugar nela para outro pensamento e outro desejo. Não diz isto; logo eu não o amo!..

— Mas, D. Emília, atenda! A senhora ilude-se talvez...

— Sei o que pensa. Na sua opinião o amor assim é impossível! Pois juro-lhe!... eu só amarei assim.

Emília ergueu-se.

— Ao menos diga-me. Posso ainda ter uma esperança?

— Eu a tenho!... respondeu-me.

Se o mundo soubesse um dia a história que eu