de si mesmo, de repente, sem que o suspeitem. Se ele viesse quando o chamamos e desaparecesse à vontade, não era o que é, uma fatalidade. Iludiu-se, D. Emília. O homem a quem há de amar, a senhora não o conhece, nem o viu talvez. Quando aparecer, não lhe dará tempo de interrogar-se. Seu coração palpitará por si mesmo, e a senhora sentirá que ama, sem saber como, nem quando, começou a amar!
— Talvez isso seja verdade para outras; para mim asseguro-lhe que não. O amor, como eu sonho e espero, há de ser a minha vida inteira; portanto parece-me que tenho o direito e até o dever de conhecê-lo antes de entregar-me a ele sem reserva e para todo o sempre.
— É outra ilusão sua! O amor tem a crença ingênua da eternidade; quem o sente acredita sinceramente que ele não se extinguirá nunca. Eu não tive a felicidade de lhe inspirar essa fé sublime; portanto que esperança posso ter? O melhor talvez fosse retirar-me, porque à força de querer violentar seu coração, Emília, talvez acabe odiando-me!...
— Odiando-o?... exclamou Emília assustada. — Como lhe veio semelhante pensamento?
— Não me disse já uma vez?
— Cale-se! atalhou ela com inexplicável pavor.
Emília ficou algum tempo muda e pálida, absorta na estranha emoção.
— Augusto!... disse-me ela afinal, e com terna melancolia. — Não tem razão. Quem me fez