acreditar no amor? Quem me deu a fé e a esperança nelle?... Lembro-mé! Antes de conhecel-e, eu duvidava.

Essa palavra e um sorriso bastarão para serenar minha alma.


XIV


Havia grande reunião em Matacavalos.

Tinha visto Emília de relance. Ela sofria já a ebriedade das luzes, da música e dos perfumes, que a dominava sempre em pleno salão. Nesses momentos havia em toda a sua pessoa, na atitude e nos movimentos, anelos impetuosos. Parecia provocar as emoções. Seus lábios aspiravam então com avidez o ambiente do baile.

Mas seu pudor suscetível não a abandonava nunca. Ela atravessava a multidão agitada, como a borboleta que enreda o vôo por entre as ramagens do rosal, sem ferir nos espinhos a ponta das asas sutis. O que a protegia na confusão, não era tanto o rápido olhar, como um sétimo sentido, que só ela possuía: uma espécie de previsão dos objetos que se aproximavam.

Contudo, eu sofria muito vendo Emília assim esquecida de mim e engolfada nos prazeres que outros partilhavam. Essas horas do baile eram meu lento suplício. Algumas vezes, bem como nessa noite, eu evocava debalde as recordações dos dias