a aproximar-me da porta sem que os dois me pressentissem. Não cheguei já a tempo de ouvir, mas vi...
Emília desprendera uma violeta de seu ramo e deixara-a cair aos pés intencionalmente: o oficial curvou-se, apanhou rápido a flor, que beijou e prendeu com orgulho ao peito da farda ornada de condecorações.
Tudo isto fora feito com tão delicado disfarce, que ninguém mais na sala o viu, nem suspeitou.
Vaguei pelo salão conversando com um e outro, cumprimentando algumas senhoras de meu conhecimento, procurando assim gastar ao atrito dos indiferentes as emoções dolorosas que me pungiam.
Depois sentei-me à mesa do jogo.
Chegou finalmente a quadrilha que eu devia dançar com Emília, a sexta, se não me engano. Uma das finezas que ela me fazia nesse tempo, era não dançar mais em um baile, depois de ter dançado comigo; por isso me reservava sempre a última de suas quadrilhas.
— Como o senhor está pálido, meu Deus! exclamou ela tomando-me o braço.
— Não; há de ser o efeito das luzes sobre este papel escarlate — respondi sorrindo. — E o seu acesso? Já passou?
— Que acesso? perguntou surpresa.
— Não disse há pouco... que tinha febre n'alma?
— Ah!... Sim! Já passou! replicou sorrindo. — O senhor é tão bom médico de minha alma, que bastou sua lembrança para curar-me.