Em nossos mútuos devaneios, quando me cabia a vez de falar, vazando as expansões de meu coração cheio, ajoelhava todo meu ser ante o ídolo de sua graça.
Ela, antes meiga e dócil à minha palavra, já a não escutava; e abstraía-se às ferventes adorações para se refugiar em não sei que penosa e amarga cisma. O que encantara outra mulher, parecia enfastiá-la; derramava-se por seu rosto uma nuvem de tédio e desgosto.
Quase sempre esquivava-se logo, e, deixando-me só alguns instantes, rompia a conversa.
Foi ontem.
Deixara Emília na véspera descontente por causa de um dos nossos conflitos de submissão recíproca.
Achei-a porém já esquecida dessa pequena contrariedade, e satisfeita. Contudo, tinha certa gravidade no olhar e na fronte que anunciava o peso de muitos pensamentos ali concentrados.
Falou com sua graça costumada; falou do passado, recordando de leve as fases por que passara nosso amor. Era sua história íntima, o romance de sua alma, que ela esboçava a traços finos e delicados.
Depois de comparar sua existência anterior