como ressoava na minha; era o grito de uma paixão na agonia.

Emília caminhou para mim, absorta em dolorosa emoção: senti sua mão pousar no meu ombro, os seus olhos nos meus, o seu hálito nas minhas faces, a sua palavra caindo a uma e uma no meu cérebro. Mas eu estava tão profundamente mergulhado em mim mesmo que não compreendia naquele instante nem o que olhava, nem o que ouvia.

— Augusto! Seu amor é um nobre e santo amor, como eu pedia a Deus que me desse a fortuna de inspirar!... Responder-lhe com uma dessas afeições banais a que o coração reserva apenas as horas vagas que deixam o cálculo e a vaidade, seria uma profanação indigna!... Espero e lhe peço que espere, para não causar por um engano a sua e minha desgraça; para não ser obrigada a dizer-lhe um dia: "Eu me iludi! Esta vida que lhe dei, não a podia dar, não me pertencia, mas àquele de quem a roubei e agora a reclama! Traí a um, menti ao outro; falhei meu destino; só me resta morrer!" Eis por que eu lhe digo que espere.

Calou-se um instante.

— Talvez me iluda!... Há horas em que duvido ainda como outrora. Quero esperar um ano ainda... Acha muito? Para decidir de duas existências?... Se daqui a um ano eu conhecer que não amo, a esta mesma hora, no lugar onde o senhor estiver, eu irei dizer-lhe: "Deus negou-me a ventura de amar; mas o senhor me