— Ah! fez ela cerrando as pálpebras e encostando a cabeça no recosto do banco para ouvir-me impassível.
Seu olhar, coando entre os cílios e partindo-se em mil raios, cintilava sobre o meu rosto, como o trêmulo rutilo de uma estrela.
— O que lhe vou dizer é talvez humilhante para mim; mas eu me sacrifico!
— Muito agradecida! Isso me penhora. — respondeu-me, inclinando-se com um sério imperturbável.
— À exceção do comércio, a senhora sabe que não há no Brasil carreira alguma pela qual se possa chegar depressa... e honestamente, à riqueza. A minha mal dá para viver com decência. Portanto sendo eu honesto... porque tenho medo da polícia, e não gosto que me incomodem... sendo eu honesto, repito, só havia um recurso à minha ambição... Adivinha qual?
— Suspeito; mas diga sempre.
— O do casamento.
— É um recurso lícito e fácil.
— Não tanto como lhe parece.
— Ora! Para o senhor?...
— Para mim, sim senhora; porque embora ambicioso, eu não estou disposto a sacrificar à riqueza minha felicidade; seria um absurdo, pois se eu quero ser rico é para ser feliz.
— E como pretende conciliar isto? Deve ser curioso.
— É agora que eu preciso de toda a sua indulgência; vendo-a quando voltei da Europa, senti-me atraído