em sua pessoa. O trajo, ainda nimiamente avaro dos encantos que ocultava, era de um molde severo; mas havia, no gracioso da forma e na combinação do enfeite, uns toques artísticos, que se revelavam também no basto trançado do luxuoso cabelo negro.
Voltei impressionado por essa visão de sala em pleno dia.
Se a transformação de Emília produzira em mim uma admiração grande, maior foi a humilhação que sofri com o seu desdém. Já não era uma menina; estava moça, e não me devia só a cortesia a que tem direito o homem delicado, devia-me gratidão.
— Talvez ignore! disse eu comigo.
Nos dias que se seguiram, surgiu alguma vez em meu espírito aquela imagem de moça; mas essa lembrança me incomodava.
Uma tarde encontrei-me com o irmão:
— Ia à tua casa! disse-me Geraldo.
— Pois vamos.
— Não. Já que te encontrei poupa-me essa maçada. Minha tia manda-te dizer que amanhã toma-se chá em sua casa. Julinha faz anos.
— Ah! D. Matilde?...
— Sim. Adeus.
— - Espera.
— Não posso. Ainda vou à chácara, e tenho de voltar para o teatro.
D. Matilde é casada com um irmão de Duarte. Seu marido vive constantemente na fazenda, trabalhando para tirar dela os avultados rendimentos