— Quando?
— Quinta-feira passada.
— Não me lembro.
— Aquela minha distração de deixar cair a xícara...
— Ah! foi o senhor?... Nem reparei! disse-me com a maior indiferença.
Esta palavra me ofendeu mais que tudo quanto me tinha feito essa moça. Nem sequer com seu ódio ela se dignava me distinguir!
De dia em dia a sua aversão tornou-se mais clara. Ela procurava sempre esquivar-se ao meu cumprimento, e quando de todo não podia evitá-lo, recebia com fria altivez. Se estava ao piano e eu chegava, erguia-se, deixando suspensos os que a ouviam tocar ou cantar. Inventava então qualquer dos pretextos em que era fértil seu espírito vivaz; porém o verdadeiro motivo deixava-o bem transparente. Se eu me aproximava do círculo onde ela conversava, chamado por alguma palavra amável de D. Leocádia, calava-se imediatamente, e no primeiro momento favorável eclipsava-se.
Duas ou três vezes, chegando à casa de D. Matilde, achei-a entretida a brincar com a prima e algumas amigas. Vendo-me entrar na sala, levantou-se bruscamente, e despediu-se das outras surpresas:
— Adeus! Adeus!... Vamos, Geraldo!
Tomava o chapéu; o irmão contrariado a seguia; entravam no carro, e partiam para a chácara, apesar