— Adeus!
— Que é isso, Mila?
— Vou-me embora. Não vê?
— Ainda o baile nem começou!
— Acha você que estou muito decente? disse abrindo a manta e mostrando a escumilha esgarçada sobre o forro de cetim.
— Que foi isto? Quem lhe pôs nesse estado?
— Quem?... Um pé!...
Já viste alguma vez, Paulo, amesquinhar assim um homem e esmagá-lo com uma palavra?
Emília atribuía a mim o que lhe acontecera; e não achava para designar-me nem o meu nome, nem mesmo a minha qualidade de criatura humana. Era uma coisa, uma parte desprezível do corpo, um pé!
Não sei o que na minha indignação ia responder-lhe, se ela me desse tempo, e não se afastasse rápida.
— Mas isto conserta-se! disse Julinha seguindo-a. Venha cá!
— Não vale a pena. Adeus.
Retirou-se pelo braço do pai, risonha, sem a menor sombra de contrariedade.
Durante o resto da noite fui o alvo dos remoques dos apaixonados de Emília; olhavam-me com a escarninha comiseração que inspirava neles o meu desazo. Por outro lado, as moças pareciam agradecer-me o serviço que lhes prestara com o eclipse da beleza-rainha da noite.
Uma chegou até a dizer-me: