a infelicidade, e não a culpa, de desagradar-lhe... Se isso é verdade, farei que a minha presença não a importune mais!

Levantei os olhos para ela. Parecia não me ouvir, nem mesmo ter consciência de que eu ali estivesse e lhe falasse. Sua alma passava no olhar, e ia ao outro lado da sala. Havia em sua fisionomia e atitude a expressão pasma que deixa a alheação ou o recolho dos espíritos.

— Não me responde, D. Emília? insisti ainda.

Continuou impassível. Estive algum tempo observando-a: depois voltei-me para D. Leocádia.

— A senhora tem notado alguma alteração na saúde de D. Emília?

— Não, doutor; por quê? perguntou-me assustada.

— As moléstias graves, como a que ela sofreu, costumam afetar alguns órgãos importantes. Por exemplo, algumas vezes deixam uma surdez incômoda...

— Pois ela, não! Ouve até muito bem!

— Ah! há pouco me pareceu o contrário!

Emília ergueu-se:

— Também a mim me parecia que o Sr. Dr. Amaral era míope; mas agora conheço que enxerga muito e longe!

— A senhora ouviu?... Desculpe! Cuidei que estava distraída.

— Enganou-se ainda desta vez! disse-me e afastou-se.

Uma das alusões de Emília, eu tinha compreendido perfeitamente: ela me qualificava de míope por