uma porção de moedinhas de prata, além do que lhe dá sempre que ela pede. Pois quase todo esse dinheiro é filado pelas tais velhas.
Geraldo suspirou:
— Que dinheiro tão mal gasto. Podia-me servir ao menos para charutos!
— Mas que relação tem isso com o teu pedido?
— É verdade! Uma das tais velhas descobriu, ou inventou, o que é mais certo, a história de uma menina que perdeu pai e mãe, e está na miséria, sem parentes que olhem para ela. E de que havia de lembrar-se? De metê-la no recolhimento das órfãs!
— Foi uma boa lembrança.
— Achas que sim? Melhor, porque és tu quem hás de arranjar isto.
— Como? Tua irmã?...
— Ela aprovou muito a idéia, e incumbiu-me de obter a admissão da menina, com um dote, que deve receber quando se casar. Vê que extravagância! Eu tenho lá tempo para cuidar dessas coisas? Mas não há remédio senão fazer-lhe a vontade. Há muitos dias que estou para te falar nisso, e felizmente agora lembrou-me... Tu andas lá pela Misericórdia, conheces aquela gente...
Tive uma inspiração.
— Pois bem, Geraldo. Fica ao meu cuidado.
— Prometes então arranjar o negócio?
— Dou-te a minha palavra; e quase te posso assegurar que é coisa feita.
— Muito bem; mas que seja logo! Mila não me deixa, e eu não sei já que desculpas invente!