palmeiras vibrados pelo vento arpejavam como frauta rústica.
Naqueles lugares nascera Emília e se criara. Eles foram o molde de sua alma, formada ao contato dessa alpestre natureza cheia de fragosidades e umbrosas espessuras.
A primeira vez que a tímida menina ousou penetrar esse mato esquecido às abas da cidade, tinha ela onze anos. Até então vivera à sombra materna, como flor que se planta em vaso de porcelana e vegeta nos terraços. Do colo passara ao regaço; quando principiou a andar, coseu-se à falda do vestido de sua mãe.
Com os hábitos sedentários que tinha a senhora, a órbita do seu giro não se estendia além da beira da casa e do estreito jardim, que uma cerca de tábuas separava da chácara inculta e abandonada; porém mesmo de longe Emília enfiava os olhos por entre os grupos de árvores.
Vinham dali rumores vagos e estranhos mistérios que a estremeciam. Logo presa de grande pavor, fugia a abrigar-se no colo materno.
Um dia venceu a tentação. A menina avançou afouta, cuidando encontrar perto a professora. Não a viu; quis retroceder e não teve ânimo; tornou a avançar; o menor ruído a assustava, a mais leve sombra lhe incutia terrores e vertigens. Até que sucumbiu num ataque de nervos.
Emília esteve dois dias de cama. A mãe declarou-a doente por uma semana. Houve larga discussão a respeito do grave acontecimento; um mês durante não se falou de outra coisa. Julinha