foi estar algum tempo com a prima para distraí-la; e a medrosa menina se viu cercada dos maiores desvelos.

Tudo isto produziu efeito oposto ao que esperava a mãe. Cuidava ela conservar assim aquela natureza frágil, tímida e melindrosa, que só podia viver elada ao seio materno, como hera ao tronco. Que bem sabia do gérmen funesto que lançara na alma tenra da filha!

Foi a semente da primeira rebelião. Emília teve grande vergonha de seu pânico. Um sentir novo e estranho, que não era desejo, nem raiva, pesar ou contentamento, porém um misto de tudo isso, a intumescer-lhe a alma; um sentir nunca sentido turbou a inocência da menina.

Muita vez a sós as faces lhe ardiam, o sangue fervia dentro, as lágrimas saltavam dos olhos; súbito erguia-se, com o talhe ereto, a cabeça desafrontada, o olhar aceso, e um sorriso — que sorriso! — mordido no lábio túrgido. Erguia-se para bater com o pé no chão e desafiar do gesto uma visão de sua fantasia.

A teima infantil, que devia ser orgulho na mulher, estava-se gerando naquele coração de menina.

Uma noite, ao deitar, Emília jurou que arrostaria tudo para atravessar ela só a alameda da chácara. Seu dito, seu feito, e logo feito. Os primeiros albores do dia a acharam já pronta. À exceção de alguns escravos, todos dormiam na casa.

Esgueirou-se furtivamente pelas escadas e ganhou