Eram onze horas já. Duas vezes tinha-me dirigido à porta para me retirar, e duas vezes achara um pretexto para demorar-me. Emília passou pelo braço do Dr. Chaves.

— Qual é a contradança que eu lhe dei? disse-me ela com a maior naturalidade.

Essa palavra magoou-me ainda mais. Eu pensava que Emília reparasse na minha esquivança, e iludira-me. Ia desfazer o seu engano, quando ela atalhou-me:

— Ah!... Foi a sexta... É esta!

Depois voltou-se para seu cavalheiro:

— O senhor permite?...

Deixando o braço do deputado, tomou o meu.

— Creio que a senhora enganou-se, D. Emília.

— Parece-lhe?... acudiu sorrindo.

— Decerto! Só um engano me podia dar este prazer. Eu não me animava a pedir-lhe uma contradança.

— Pois eu creio que foi o senhor quem se enganou. Não lhe perguntei qual foi a quadrilha que me pediu, mas sim a que eu lhe dei... embora não me pedisse!

— Ah! Perdão!

— Eu devia — respondeu-me séria. — Lembre-se! Era uma reparação.

— Embora! Como me podia eu supor tão feliz!

— Porquê! Por dançar uma contradança comigo? disse ela rindo. — Meu Deus! O que é essa felicidade que os outros acham em coisas tão pequenas e eu...