E ela tinha razão, Paulo, de conservar essa plácida confiança.
Havia na sua beleza um matiz de castidade, que a resguardava melhor do que um severo recato. Eu sentia muitas vezes, estando só com ela, a influência dessa força misteriosa, que residia em sua tez mimosa; mas só te poderei explicar o que eu sentia por uma imagem.
Tens reparado na doce pubescência de que a natureza vestiu certos frutos? Se a nossa mão a alisa, experimenta uma sensação aveludada; se ao contrário a erriça, o tato é áspero.
Assim era o pudor de Emília.
Olhos puros e castos podiam espreguiçar-se docemente por sua beleza, porque uma serena candidez a aveludava então. Ao mais leve rubor, porém, a alma de quem a contemplasse magoava-se na aspereza daquela formosura, tão suave há pouco.
Não era preciso que Emília dissesse uma palavra ou fizesse um gesto para recalcar no íntimo o pensamento ousado que mal despontara. Uma dor íntima acusava-me de a ter ofendido, antes que eu tivesse a consciência disso.
Nunca se adorou de longe, na pureza do coração, com respeito profundo e um severo recato, como eu adorava Emília nas horas que tantas vezes passamos a sós, perdidos naquela solidão, onde não encontrávamos criatura humana.
Avalia do excessivo melindre de Emília por dois fatos que te vou contar.
Um dia, repetindo esse passeio da montanha, ela quis