DOM JOAO VI NO BRAZIL 133

de sangue indio, proveniente de antigos e communs casa- mentos, e nas camadas inferiores enxergava-se algum sangue negro, que depofs se tornaria mais vulgar. Ja entao se apre- .sentavam no emtanto typos muito variados, que iam do branco ao cafuso, passando pelo mameluco. Os verdadeiros Paulistas, fsto e, os descendentes de brancos Portuguezes, ou Hespanhoes que ahi tinham affluido do Rio da Prata e do Paraguay em varias occasioes - - com certa proporcao de cruzamento indigena, eram geralmente quanto ao physico altos, espadaudos, musculosos, com tragos energicos, olhos vivos e cabello preto corredio, e quanto ao moral francos, altivos, facilmente irasciveis, impetuosos, corajosos, obstina- dos, industriosos, soffredores e propensos as aventuras. Sim ples e despretenciosa era por assim dizer toda a gente nj Brazil colonial, mas em Sao Paulo parecia que essa singeleza andava realgada por uma sinceridade mais a flor d alma, costumando-se sempre dizer o que se pensava, sem que tal candura fosse filha da rudez.

Na capital, que ao tempo da visita de Spix e Martius tinha 30.000 habitantes - -- o que e porventura exaggerado pois M awe em 1808 calculava entre 15620.000 e ja apre- sentava um aspecto de limpeza e regularidade, existia gosto pelos estudos, mesmo abstractos, sendo cultivada a philosophia e conhecidas, posto que por meio de resumes defeituosos, as obras de Kant. Os viaj antes allemaes observaram nos Paulis tas educados poder reflexive e genio inventivo. No seu dizer era a vida patriarchal. Nas residencias urbanas (as ruraes podiam chamar-se primitivas) nao se encontrava sombra de luxo, ao envez do que acontecia no Norte Bahia, Pernam- buco e Maranhao -onde se timbrava na ostentacao. Nas

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mobilias simples e pesadas das casas de Sao Paulo reflectiam-

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