158 DOM JOAO VI NO BRAZIL

condigoes de fortuna, pois que a fonte quasi unica de traba- Iho provinha dos descimentos em que se empregava parte da pequena guarnigao do Rio Negro e de que resultava a introducgao de obreiros remissos e indoceis.

A impressao de Spix e Martius, ao receberem permissao para visitar detidamente o Grao Para e subir o Amazonas e quaesquer dos seus tributaries ate as fronteiras, foi a de irem penetrar n uma terra incognita. Ate ahi o Brazil se Ihes apresentara bastante imperfeito, mas existia do Sul ao Norte e do littoral ao centro, apezar das solutes de continuidade, a base de uma nacionalidade de algum modo homogenea, deparava-se com o material de uma cultura de caracter mais europeu do que exotico. Tratava-se agora comtudo de uma explora^ao apenas iniciada atravez de uma dilatada regiao, cujo aspecto quasi nao differia nos comedos do se- culo XIX do que tinha sido no seculo XVII, habitada por numerosas tribus indigenas e com raros povoados que, com suas denominates saudosamente portuguezas, figuravam de atalaias perdidas da civilizagao. A propria natureza mudava um tanto de apparencia. Os coqueiros ralos, cujas hastes fi- nas balizam no Norte o horizonte sem o cerrarem, eram sub- stituidos por uma vegetagao toda ella mais densa, mais es- cura, mais pujante, e com tudo isso menos hospitaleira. As primeiras paginas do ultimo volume das viagens de Spix e Martius, dedicado a regiao amazonica, respiram deci- dido pantheismo poetico, traduzem os transportes da absor- pc,ao quasi mystica no seio da natureza creadora.

Calculava-se a populagao da Amazonia, no anno de 1820, em 83.500 habitantes civilizados ou contados como taes, sendo 68.500 no Para, e 15.000 no Rio Negro. A ci- dade de Santa Maria de Belem pela sua relativa antigui-

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