DOM JOAO VI NO BRAZIL 150

dade, posigao quasi maritima, situac.ao de entreposto de todo genero para as extensas terras regadas pelo poderoso sys- tema fluvial de que formava a chave, e condigao de ultimo nucleo de povoaqao da costa subindo-se para o norte, offe- recia alguma importancia, que o marquez de Pombal gran- demente procurara estimular. Pelo lado da populagao o traqo caracteristico do centre do antigo Estado do Grao Para era a forte proporgao de indios, nao so aldeiados e occupados na pesca e na agricultura como no servigo do- mestico e exercendo mesteres diversos, sobretudo de remado- res e carregadores. Elles como que imprimiam a toda a communidade o cunho do seu espirito a um tempo passive e rebelde, esquivo as leis e regulamentos da administragao e resignadamente fatalista. A populagao de descendencia euro- pea, em grande parte de origem insulana, distinguia-se pelo seu socego e abstencao de paixoes. Spix e Martius relevam a sua fleugma a par da vivacidade do pernambucano, do genio pratico do bahiano, da fina urbanidade do maranhense, da cortezia cavalheirosa do mineiro e do humor bondoso do paulista.

A riqueza da regiao e tal pela variedade dos generos de ccnsumo que, nao obstante a pouca industria dos Pa- raenses de entao, em grande parte dependentes para seu com- mercio exterior dos productos agricolas e extractives de rio acima Cameta no Tocantins, Gurupa, Santarem no Ama- zonas e capitania do Rio Negro os trapiches of fere- ciam regular movimento. A borracha, que comeqava apenas a ser extrahida por pobres seringueiros e alguns raros fazen- deiros, provinha das mattas nas proximidades da cidade e na ilha de Marajo, onde existia tambenr a industria pastoril: o gado era porcm de qualidade inferior pelas condigoes cli-

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