170 BOM JOAO VI XO BRAZIL

carta o mordaz D. Rodrigo que nunca leu na sua Vida um livro inteiro, que foi a fabula de toda a Europa, onde era conhecido como jogador, e com o ridicule epitheto Le gros D. Diegue- -e que nada entende de negocios politicos." Parece effectivamente que le gros D. Diegue,, antigo embai- xador em Madrid e em Roma, nao passava muito de um .jogador de profissao com alguma habilidade e finura, talvez fosse mais acertado dizer com bastante manha e perfidia, mas com pouca instrucgao e menores escrupulos, ambicioso e venal. A duqueza d Abrantes d elle nos deixou uma es- plendida caricatura com o seu ventre desconforme, a sua respirac^ao offegante e ruidosa, o seu appetite voraz e o seu consume insaciavel de agua gelada.

Os negocios entravam a ser confiados a intelligencias mais cultas e maos mais destras e energicas. O gabinete do Rio de Janeiro continha duas pessoas summamente dignas e da maior compostura, afora um ministro de talento muito acima do ordinario e de toda a seriedade. A duqueza de Abrantes, que nao peccava por nimia indulgencia, assim se externa sobre Aguiar e Linhares: (i) Havia entao (1807) em Lisboa dous homens muito capazes de executar cousas no- taveis no interesse da nagao. Um era D. Fernando de Por tugal, o outro D. Rodrigo de Souza. Este ultimo sobretudo possuia mais ainda do que o talento, aquillo que n um dia de perigo pode unicamente salvar o Estado. Era verdadei- ramente patriota" . Madame Junot nao se mostrou menos gentil para com o visconde da Anadia, a quern qualifica de um d esses homens de que a gente se sente feliz em fazer o conhecimento. No Rio era um solitario, quasi um misan thrope, soffrendo com as desgragas da patria ausente, pouco

��(1) Mtmoires, Tomo VII.

�� �