280 DOM JOAO VI NO BRAZIL

Palmella convenceu-se em Cadiz que a Princeza do Brazil jamais lograria ser feita sem grande pugna Regente da Hespanha: acreditava, porem, que -nada seriamente ten- taria impedil-a de ser acclamada n essa mesma qualidade- successora, conforme era, do "desthronado e talvez morto Fernando VIF : - na America onde se encontrava. D este modo evitar-se-hia o desmembramento que a usurpagao es- trangeira em Madrid e a desordem da Hespanha liberal an- davam prognosticando para as colonias americanas, e dava- se seu verdadeiro destine a monarchia portugueza trans- plantada n um momento de subversao historica, e que por um feliz acaso reunia sob o docel do seu throno os legitimos re- presentantes das duas dynastias peninsulares. Mantinha-se assim alem mar a tradigao historica, mediante a consolida- gao n uma so de ambas as patrias. Fechava-se, apoz mais de trez seculos, o cyclo das navegagoes, tocando suas conse- quencias extremas : realizava-se uma Uniao Iberica transa- tlantica; concretizava-se no Novo Mundo o velho ideal que parecia sepultado com Dom Joao II e Filippe II.

N esta sua concepcao, que se pode qualificar de gran- diosa, impelliam Palmella consideracoes positivas e praticas que condiziam com o seu animo pouco inclinado a idealis- mos politicos. Segundo finamente observa a citada escriptora que d elle tragou uma admirativa biographia, percebia o di- plomata portuguez perfeitamente que a Inglaterra nao con- vinham de forma alguma esses imperios cerrados, governados arbitrariamente para seu proveito exclusivo por metropoles longinquas ; que a epocha estava chegada em que nao mais se os permittiria. Senhora dos mares, que como tal se havia tornado, queria a Gra Bretanha mercados variados e aber- tos. Nem outro seria o motivo da suggestao de Canning a

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