446 DOM JOAO VI NO BRAZIL

sua ambigao, e quiz a corte augmental-o ao norte e ao

sul." (i)

Nem, no dizer do abbade, foi outra a razao das ten- tativas de immigragao effectuadas pelo governo de Dom Joao VI. Ameacado o trafico de negros pelas violencias inglezas, a concep^ao imperialista insinuou ao Brazil que a sua futura grandeza e prosperidade dependeriam inteira- mente do affluxo de populagao branca que ja estava fomen- tando a opulencia da grande nagao norte-americana. Ponde- rava, todavia, o antigo constituinte de 1791 com justeza que nao bastava offerecer a colonizagao terras ferteis e proxi- mas do littoral ou a beira dos rios navegaveis: que era pre- ciso offerecer tambem garantias de opiniao, de propriedade, de liberdade politica e religiosa, numa palavra de proteccfio esclarecida e progressiva. Semelhantes vantagens deparavam- se nos Estados Unidos aos refugiados da Europa, emquanto que no Brazil reinava um Principe "brando, humane, bemfa- zejo e accessivel, mas despotico, se ostentava uma corte ignorante, sem vistas, invejosa e cheia de tolos prejuizos. As accoes do immigrante estarao pois arbitrariamente sujeitas aos caprichos de um governo que nao e dirigido por princi- pio algum fixo, e que pode conduzir a ruina, encarcerar, ba- nir ou fazer morrer quem Ihe aprouver."

Occupando a Guyana, o que entretanto visava a cor te do Rio de Janeiro era ter o que restituir na paz geral que fatalmente devia rematar o periodo das guerras napoleonicas, e em troca, uma troca que ja seria substancial, alcangar o reconhecimento dos limites tradicionaes ao Norte do Brazil, a saber, a posse incontestada, consagrada pelo tratado rlc Utrecht, do territorio ate o Rio de Vicente Pinzon, pois que

��(1) L Europc vt aos Colonies.

�� �