DOM JOAO VI NO BRAZIL 48-j

maiores e fazendo com elle em tudo causa commum o en- viado da Hespanha, a cujo fallar fier et piquant Talleyrand alludia com subtil ironia nas cartas que de Vienna escrevia a Luiz XVIII.

Palmella informou Talleyrand do succedido no Rio e explicou-lhe que a recusa de ratificagao nao envolvia a ques- tao fundamental da paz, tendo sido approvado o armisticio e acceitas todas as clausulas do tratado menos a decima, isto e, a restituicao da conquista de Cayenna, unica e muito dimi- nuta indemnizacao dos gastos de guerra e das perdas causa- das pela Franga a Portugal, e de que no emtanto se arrogara o direito de dispor livremente e gratuitamente uma nacao estrangeira, alliada sim mas nao protectora. A questao pro- priamente da paz ficara fora da discussao desde que o Prin cipe Regente despachara o marquez de Marialva c6mo seu em- baixador extraordinario para saudar Luiz XVIII e esponta- neamente abrira os portos brazileiros ao commercio francez. Mesmo com relacao ao ponto controverso estavam os pleni- potenciarios auctorizados a entrar em negociagao sobre a base da livre e amigavel cessao, nao abandono, da conquista das arinas portuguezas, a qual, confessavam a Aguiar Palmella e seus dous collegas, quasi impossivel seria nao se vir a res- tituir no congresso geral, quando lograssem sonegal-a em ac- cordo directo e particular.

Afora o embarago que a recusa da ratificacao levantava ao andamento de todos os negocios diplomaticos do Reino, Palmella em Vienna e Brito em Pariz tinham um motivo especial para a nao acolherem com gratidao, e e que anda- vam ambos empenhados em promover o casamento do Duque de Berry, futuro Rei de Franca, com uma das Infantas por tuguezas. Em tempo de Napoleao tal enlace fora lembrado

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