DOM JOAO VI NO BRAZIL 701

Palmella, facil era de descobrir, olhava tanto ou mais para a situagao de Portugal na Europa que na America, nao querendo sacriffcar a esta aquella, antes preferindo im- molar a outra a segunda. Portugal era pequeno e tinha suas fronteiras seculares : Olivenqa devia inquestionavelmente voltar a pertencer-lhe. O Brazil era enorme e tinha umas fronteiras vagas : as compensacoes podiam estabelecer-se sem difficuldade, nada havendo que nao possa a diplomacia alcancar.

Do especial agrado do diplomata portuguez nunca foi o imperialismo arm ado de Dom Joao VI, antepondo elle a solugao violenta, ainda que victoriosa, a combinagao que vinha preconizando de troca de territories ao sul por terri tories ao norte, a qual tinha para mais a vantagem de fazer comprar pela Hespanha a questao da fronteira da Guyana, que Palmella sabia nao estar liquidada, apezar de ganho o ponto essencial, e antevia dilatada e espinhosa. Alem d isso, alguma cousa que nao era para desdenhar: com a facilidade facultada a reoccupacao hespanhola de Montevideo, dava-se um golpe d-e morte no governo revolucionario de Buenos Ayres, cuja visinhanga nao encerrava ao ver de Palmella menos perigos que a de Artigas, e nao obstante a cordiali- dade existente algum tempo entre a corte de D. Joao VI e o governo das Provincias Unidas, nunca Ihe logrou mere- cer a sympathia, propensa aos aspectos sociaes aristocraticos.

Sem a cooperacao de Portugal para a restaurac,ao da auctoridade hespanhola no Rio da Prata, qualquer tentativa da metropole ficaria, porem, frustrada, ou pelo menos seria cem vezes mais difficil. No geral a tarefa em si da recon- quista era das mais escabrosas. No Congresso de Aix-la-Gha- pelle, no tocante a mediagao, primeiro pedida e depois re-

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