DOM JOAO VI NO BRAZIL 705

bem sabia ser irrealizavel quasi por outrem e mesmo para si em extreme difficultosa.

Palmella alias nao acreditava na sinceridade do en- viado Garcia ao expor a corte do Rio suas ideas monar- chistas e seus pianos de protectorado portuguez sobre todo o Rio da Prata. Afigurava-se-lhe um meio para os insurgentes de Buenos Ayres de ganharem tempo e firmarem sua inde- pendencia a sombra d essas intrigas palacianas, proprias a engodarem as cortes do Rio e de Madrid. Rivadavia, que por mais de uma vez procurou Palmella na Europa e ate certo ponto dizia abundar nas ideas de Garcia, concordava entretanto e nao occultava que o Infante de Hespanha que foss e a testa da expedigao de Cadiz, seria com certeza me- Ihor recebido no Chile ou no Peru do que em B-uenos Ayres, onde o governo nao podia, segundo Rivadavia, responder pelo acolhimento geral, "por nao ter influxo sufficiente nas Provincias do Rio da Prata": o que era rigorosamente exacto.

Uma cousa era porem certa, a saber, que uma vez pas- sado, gragas muito a Palmella, o perigo de hostilidade hes- panhola, moralmente senao materialmente apoiada no con- certo europeu, contra a antiga metropole portugueza, a ques- tao do Rio da Prata se deslocara por complete ou quasi para o seu theatro natural de accao. Passara a ser infinitamente mais com Buenos Ayres do que com a Hespanha, apezar d esta preparar-se sempre para a sua expedigao de recon- quista.

Ora, justamente Palmella nao confiava absolutamente nos revolucionarios, nem com elles queria intimidades, opi- nando por manter-se o Brazil a distancia dos mesmos, pondo ate de permeio a metropole hespanhola. "Emquanto a mim,

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