740 DOM JOAO Vl NO BRAZIL

Funchal nao era todavia o im becil por que Hippolyto o quiz depois fazer passar, perseguindo-o com suas verrinas ate quando transferido para Roma o embaixador. Mallo- grara-se, e de ver, o accordo esbogado, estando rotas desde algum tempo todas as negociagoes n esse sentido. "Nao estou bem persuadido, commentava Funchal, ( i ) que deixo de ganhar pessoalmente na mudanga, porque o espirito de Intriga, e de Maldade he tao geral, que em vez de me louva- rem pela tentativa secreta de moderar, e afinal vir a annul- lar os perversos fins que tern dictado este Jornal, parece-me evidente que me queriao fazer responsavel de todos os des- varios deste homem. Agora elle por si responde".

Dado o caracter de Hippolyto, qualquer accordo era mesmo difficil. Nao se tratava, e mister conservar presente, de urn vil pamphletario mercenario, sim de um temperamento bilioso, de um espirito irrequieto e fogoso, de uma intelli- gencia illustrada e perfeitsmente convencida das suas prefe- rencias reformadoras. Apenas achava-se o escriptor disposto a temperar a rispidez dos seus ataques. Nao alienaria a con- sciencia, somente abrandaria a forma. Deixar-se-hia manejar, nao arrastar. Attendia a consideragoes pessoaes, mas de or- dem moral mais do que material. Tinha a obsessao dos car- gos officiaes, a am bigao da confianga do governo. A troco d esta, posto nao abdicasse suas ideas e predilecgoes, alteraria sua maneira. As perseguigoes soffridas em Portugal tinham- Ihe azedado o caracter, dotando-o de uma facil irritagao. (2)

��(1) Covres/p. da E tntaixada em Ixradres, no Arch, do Mic. das Rel. Ext.

(2} D elle escrevia a Funchal o barao de Ehen, que militara no

exercito portuguez e conhecia o publicista : "Mr. da Costa a un ca-

ract^-e tres ferme, et meme outre, peut-etre aigri par ses malheurs.

II a du talent, et serait un .ami utile, aussi qu il peut ^tre un ennemi

dangereux." (Arch, do Min. das Rel. Ext.)

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