762 DOM JOAO VI NO BRAZIL
estudos scientif icos : em primeiro lugar, o Brazileiro gosta de fallar por hyperboles, devendo em sua terra tudo ser mais gigantesco e prodigioso do que nas terras alheias, e em segundo lugar, convindo ao Rei e aos seiis minlstros, por obvios motives politrcos, que se acreditasse geralmente nas patranhas (Aufschneidereien) dos seus subordinados, aca- bavam elles proprios por acreditar n aquillo que procla- mavam.
Segundo a fama espalhada, de tudo se havia cuidado no novo Reino com um surprehendente ef f eito : de f abricas, arte, navegagao dos rios, civilizagao dos indies. A cultura dera pois passos gigantescos. Eschwege ( i ) reduz porem alguns d estes passos a medida abaixo da commum. Assim, no seu testemu- nho, a estrada para Minas Geraes por Sao Joao d El-Rei, pela qual, nas expressoes officiaes do intendente de policia do Rio de Janeiro, podiam galopar em fileira cinco seges, nao passava de uma picada aberta no matto, que a vegeta- gao ja estava de novo obstruindo e dava passagem difficil a urn cavallo.
A canalizagao do Rio Doce e a franquia da provincia de Minas Geraes ao commercio universal por essa via fluvial, pomposamente annunciadas pelo governador do Espirito Santo, Eschwege as reduz ao seguinte: o governador carre- gara de sal algumas canoas que com extrema difficuldade subiram o rio, sendo as canoas e a carga postas em terra vinte e trez vezes afim de contornar as cachoeiras, e sof- frendo a gente da expedigao os ferozes ataques dos boto- cudos. Chegadas as canoas a Minas apoz mil perigos, ven- deu-se o sal, carregou-se algum algodao e iniciou-se a jor-
��(1) Journal von Bra&Hen.
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