772 DOM JOAO VI NO BRAZIL
Embaragava ou favorecia determinadas producgoes segundo um criterio proprio e despotico, mas quando extendia sua proteccao, era para tornar a industria mais abundante e mais proveitosa para o particular, nao so para tornar o seu ren- dimento mais seguro para o fisco.
O governo de Dom Joao VI foi igualmente reforma- dor, posto nao fizesse tanto, ou antes nao obrasse com tama- nho vigor no momento, o que nao impediu os seus beneficios de serem mais duradouros porque, si era menor a correspon- dencia do meio, eram inccmparavelmente superiores as suas reservas e possibilidades. Faltavam a Dom Joao VI, em grau identico a Pombal, resolucao, cynismo e disciplina mental. Os melhoramentos que introduziu na administragao brazi- leira foram palpaveis, numerosas as vantagens que para o paiz se derivaram da presenga do seu soberano. No emtanto nunca foram as desigualdades mais accentuadas, nunca foi mais frizante o contraste entre o que se realizava e o que se ideava, o que era e o que devia ser, o que se fazia e o que se descurava.
O caracter nacional offerecia o ,mesmo aspecto. "Re- sulta d essa mistura de inaccjio e estupidez com orgulho e ganancia, escrevia Jay (i), uma serie de contrastes; activi- dade n um genero de industria, negligencia profunda em tudo mais; nudez e porcaria no interior das habitacoes, es- plendor e fausto nos vestidos; amenidade, ou antes fraqueza no caracter, e cruel indifferenga pela sorte dos indios. Assim foi o governo ate estes ultimas tempos, inflexivel no que- in- teressava o fisco, pouco attento ao que tocava a instrucgao e aos costumes, rico de diamantes e pobre de armas, de ca- naes e de tudo o que constitue a forga dos Estados."
��(1) Prefacio cit. da ed. franceza das Viagens de Koster,
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