DOM JOAO VI NO BRAZIL 771

da populagao, grassando a ociosidade por systema ou flo- rindo a esperan^a da ociosidade, mui raramente predomi- nando com a noc,ao o prazer da actividade.

Tambem, na justa phrase de Jay, que prefaciou a traducgao franceza da singela e honesta relagao das viagens de Koster pelo Norte, o povo soffria "todos os incommodes da miseria, tendo todos os recursos da opulencia." As in- gentes bellezas naturaes, o esplendor da paizagem e os esparsos enxertos sociaes de civilizagao emmolduravam um profundo atrazo. Nas minas de ouro e diamantes, a maior riqueza do paiz no seculo XVIII, os processes usados nunca foram outros senao o da lavagem, e esta uiesmo operada da maneira menos economica, si bem que a mais facil para quern nao possuia apparelhos adequados de mineragao, nem meios de obtel-os, nem sequer, na maioria dos casos, o co- nhecimento d elles.

Pelo menos, porem, o regimen monarchico autonomico foi em seu alvorecer no Brazil, como igualmente o foi no seu occaso, brando e humano. Tampouco fez este governo gala de uma indole retrograda ou mesmo conservadora: foi antes, sem duvida alguma, mais intelligente e progressive do que o colonial, ate porque dispunha de toda a auctoridade, de todos os meios de acgao e de todo o prestigio. Esteve, to- davia, longe de ser uma dictadura energica e revolucionaria, como em muitos sentidos se exerceu a do marquez de Pombal.

Pombal foi violento, porem foi um reformador. Repri- mia os abuses, em muitas occasioes obedecendo a precon- ceitos e antipathias pessoaes, mas melhorava a valer os me- thodos de trabalho, nao so lavrando alvaras como montando fabricas. Policiava com rigor, mas estimulava com ardor.

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