942 DOM JOAO VI NO BRAZIL
e governante invariavelmente bem intencionado. Eram aquel- les em summa pequenos defeitos a contrapor a um bello conjuncto de virtudes, raro n um monarcha despotico.
Seu senso politico revelou-se em muita occasiao. Um dos mais fracos soberanos da Europa, vimos ter sido o unico que escapou as humilhagoes pessoaes por que fez Napoleao passar os representantes do direito divino: os Bourbons da Hespa- nha e da Italia, ludibriados, depostos, vagabundos ou capti- vos; o Rei da Prussia, expulso dos seus Estados; o Cesar austriaco, compellido a implorar a paz e conceder ao aven- tureiro corso a mao de sua filha; o proprio Czar, ora tendo que acceitar intimidades em entrevistas memoraveis, ora que rebater a invasao devastando provincias do seu Imperio.
E nao ha dizer que Dom Joao VI seguia impulsos de mo- mento, fazia politica so de opportunismo. "A medida da emi- gragao, escreve Prior, em tempo nos pareceu a todos tao extranha quanto desusada, e tem sido abusivamente commen- tada, um aipoz outro, por quasi todos os politicos da Europa; mas quer se haja originado na timidez ou na fraqueza, pro- vou ser da mais profunda sabedoria politica."
Calando a circumstancia de que para a trasladagao da corte portugueza contribuiram em dose apreciavel os ciu- mes do Principe Regente pela sua mais valiosa colonia, des- pertados pelo conhecimento em que estava dos esforgos em- pregados pela Inglaterra desde 1790 para emancipar a Ame rica Hespanhola, ( i ) Prior faz justamente sobresahir o facto de ter o Rei de Portugal ficado illeso dos maus tratos de Bona parte e haver preservado a uniao com sua importantissima possessao "onde o desejo de independencia era geral entre
��(1) Lyman, Hislory of the Diplomacy of the United States, vol. II. Boston.
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