1012 DOM JOAO VI NO BRAZIL
( I ) , de f rei Francisco de Sao Carlos com suas galas imagi- nosas, de frei Francisco de Sampaio com seu verniz acade- mico (2), de Mont Alverne com seu brilho de forma e sua vibragao mais humana.
Tao soberba exhibicao de oratoria, por mais orthodoxa que fosse, contribuia muito para que as egrejas representas- sem uma distracgao de sabor quasi profano, a par das festi- vidades da corte e das funccoes theatraes. Qualquer outra a nao conseguiria ate supplantar, visto se exercer o seu appello sobre toda, nao so parte da populagao, agglomerando-se a multidao nas naves estreitas onde, a luz sempre mortica de centenares de velas, se divisavam sobretudo as mulheres de corpete decotado, cinto e saia meio curta de tulle sobre um fundo de seda, todas sem chapeu, com a mantilha negra, em vez porem de usada triangularmente na testa, a hespanhola, presa por flores no alto ou parte posterior do penteado que rematava o descommunal pente de tartaruga.
Os viaj antes estrangeiros da epocha notam todos a porfia a pouca dignidade das nossas cerimonias religiosas; a parte a pompa, o torn era menos de respeito que de folia. O culto resentia-se do pouco recato dos ecclesiasticos. O clima, a distancia dos altos censores hierarchicos, a relaxacao que a existencia da escravidao emprestava aos costumes, a au- sencia de uma aguda questao religiosa como a que no se-
��(1) O padre Caldas, cuja traduc^ao dos Tsalmos de David constitne uma das poucas joias da nossa poesia christa, era um sa- ecrdote de raro desinterosso. Kocusou herdar uma grande fovtuna de um amigo p recusou dous bispados. =ndo um d eMes o do Rio da Ja neiro, e tambem uma pingue abbadia que Ihe foi offerecida por seu amigo Lafoes. Em 3807 acompanhou a corte, fallecendo no Rio a 2 de Margo de 1814.
(2) De Sampaio tambem falla com louvor Freycinet, citando sua bella bibliotheca france/a qne ia dos grandes pregadores do se- culo XVII <Bc.ssuet, Massillon. Flecliier. Bourdaloue ,aos reformado- res do seculo XVIII Diderot e Jean Jacques Rousseau.
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