DA MINHA ALMA.
93

Ora vê-se arrastada aos abysmos,
Ora ás nuvens erguida se vê;

E, querendo luctar co'a tormenta,
De baldados esforços redobra,
Que, batida por túmidas vagas,
Infeliz, sem remedio, sossobra;

Assim 'n esses teus ólhos tão negros,
Em teu rosto incendidos a arder,
Não podendo escapar ao perigo,
Vai a triste razão perecer!

São teus ólhos fataes á mesquinha,
Quando fervem, qual mar em furor;
São fataes, si a scismar se desfazem
Em torrentes de meigo langor.

Os teus ólhos, ás vezes, parecem
Com insólito ardente luzir,
Outros ólhos buscar abrasados,
Onde possam seus raios fundir;