DA MINHA ALMA.
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Si confirmassem os labios
D′esses olhos a expressão,
Si aquelles fossem de fôgo,
Quando estes de fôgo são,
Minha mente não ficára
Em tamanha confusão.
Mas, como o fôgo dos olhos
Acreditar, no momento
Em que os labios me asseguram
Ser gelado o sentimento?!
Querer ver quaes são os falsos,
Não é buscar um tormento?
De gêlo a palavra, opposta
Das vistas á chamma ateada,
Faz-me pasmar, sem que saiba
O que me torna assombrada;
Si o raio ardente das vistas,
Ou si a palavra gelada!
Si são os labios, si os olhos
Que mentem, dizer não sei;
Do labyrintho, em que vivo,