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ECHOS

Um paraiso de amor,
Eu penso existir na terra
Um dos anjos do Senhor.

E como então não ter crença
No que me diz esse olhar?
Acaso os olhos de um anjo
Póde a mentira manchar?
Quando os julgo tão divinos,
Posso d′elles duvidar?

Ah! eu jamais perderia
Esta fagueira illusão,
Si ′n elles sempre encontrasse
Tão angelica expressão;
Si ás vezes não deslumbrassem
Como do raio o clarão.

Si, quando mais abrasados,
Mais ardentes a luzir,
Parecendo estarem d′alma
Todo o fôgo a reflectir,
Os labios lhes não viessem
O que dizem, desmentir!