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ECHOS
De somno tão agitado,
Porque um instante passei?
Co'o peito dilacerado
Porque, tremendo, acordei?
Ah! não creias que te engano
No meu delirar insano,
Que não sei bem expressar:
'N essa insomnia de amargura
Deu-me a cruel desventura
Uma ideia de matar!
Era a ideia desgraçada
De que, breve, te veria
Só nos sonhos da abrasada,
Delirante phantasia!
Ah! dissipa-me este medo ;
Não te demores -, vem cedo,
Si não por amor, por Deus,
Salvar-me d'esta anciedade,
D'esta medonha saudade,
Verdugo dos dias meus!
29 de Novembro de 1852.