Pelo contrario! O povo tinha os olhos ennevoados de lagrimas — o imperador tambem. E durante muito tempo um na praia, outro no convez do vapor confortavel se acenaram em um longo, eterno adeus, ambos cheios de sympathia e cheios de saudade. E realmente não havia motivo para que o velho Christiano XVI se recusasse a reconhecer uma republica tão cortez, tão amavel — e no fundo tão monarchica!

Assim narra o ministro Alvarez, no primeiro acto dos Reis, esta risonha revolução que o fez ministro. E com que ironia a conta! Não dou muito pela felicidade d’este funccionario. Mas apenas elle terminara a historia da tão bella aventura em que se lançara o seu paiz — entra toda a côrte de Alfania.

É que estamos n’um consideravel momento historico. O velho rei d’Alfania vae abdicar. Não é só por velhice, por doença, por fadiga d’aquella corôa secular. É que já não comprehende o seu povo — e receia que o seu povo já não comprehenda o seu rei. Até ahi elle fôra simplesmente o pastor muito solicito d’um rebanho muito manso. Agora, porém, sob o seu cajado, via, não carneiros, mas homens. E esta nova sciencia de governar homens, e não carneiros, elle, rei d’outras eras, não a possuia. Por isso passa o cajado a seu filho, o principe Hermann. Esse não só é novo pelos annos — mas é novo pelas ideias. Principe de direito divino, foi todavia educado n’outros tempos, por outros livros — e conhece os direitos humanos. Todas essas liberdades estranhas que o povo da Alfania re-