clama (liberdade de voto, de imprensa, de associação, de reunião, etc.) e que ao velho Christiano parecem horrendos attentados contra a sua auctoridade real, são para este bom principe Hermann aspirações legitimas, que deverão ser satisfeitas com uma generosidade prudente. De sorte que, com este novo povo da Alfania, tão differente do velho rebanho gothico, e já hoje cheio de theorias, e meio revolucionado, melhor se entenderá o principe novo do que o rei velho. E Christiano XVI abdica.

Lá está elle na sua poltrona real, todo vestido de verde, com a sua branca cabeça pendida ao peso dos presentimentos tristes — emquanto o chanceller do reino lê o rescripto que entrega a regencia do reino da Alfania ao democratico e humanitario Hermann. Este pobre principe tambem não parece feliz, tomado já pelo terror das suas responsabilidades. Quem resplandece é a princeza, Mme Sarah Bernhardt, uma archi-duqueza do secco e puro typo feudal, sôfrega de magestade e poder. Mas, emfim, eis Hermann regente da Alfania, recebendo as homenagens dos grandes dignitarios. E sabem qual é o seu primeira acto de regente? O reconhecimento da Republica do Brazil! Exactamente como lhes conto. Quando o ministro do Brazil, por seu turno, o vae saudar e render-lhe preito, o principe Hermann diz com ar grave e decidido de quem faz a sua primeira affirmação democratica:

— Snr. Alvarez, apresente-me ámanhã as suas credenciaes!