acompanharam. Estavam na sala primeira dos seus passos quatro potes de prata fina em quatro cantos dela, que levaria cada hum delles três almudes d'água, com quatro púcaros de prata, cada pote com o seu, presos com cadeyas do mesmo: e toda aquela gente honrada que se achou naquelle banquete, que seriam mais de duzentas pessoas, fora outras, e servidores que eram mais de outros tantos, comeram todos em baixella de prata, sem entremeter no serviço cousa de barro, nem estanho, onde se gastaram ricos e exquesitos manjares de toda a sorte, como os sabem fazer as delicadas mulheres da Ilha da Madeira, que além de serem muito bem assombradas, mui fermosas, e discretas, e virtuosas, são extremadas na perfeição delles, e em todas as invenções de ricas cousas que fazem, não tão somente em pano com polidos lavores, mas também em assúcar com delicadas fructas".

Águeda de Abreu, irmã de Isabel de Abreu, não se conformando com casamento nem com as violências que o precederam, apresentou suas queixas ao monarca, que mandou à Madeira o desembargador Gaspar Vaz sindicar do estranho caso, resultando disso serem alguns condenados à morte e outros a desterro. António Gonçalves da Câmara homiziou se e fugiu depois para Canárias, enquanto sua mulher se recolhia ao convento de Santa Clara. Das Canárias dirigiu à África e aí prestou valiosos serviços, assinalando se pela sua bravura e coragem. Isto, e mais ainda, por certo, a interferência de sua mãe, D. Joana de Eça, que era camareira mor da rainha, junto do monarca, alcançaram lhe o perdão e pode voltar à pátria, onde ainda viveu alguns anos com sua mulher D. Isabel de Abreu.

Quem quiser ter mais detalhado conhecimento deste caso, que muito sumariamente deixamos narrado, leia a descrição que dele fazem as Saudades da Terra, a pags. 197 e seguintes.

O facto tem sido aproveitado para várias narrativas, destacando se uma do apreciado escritor Silva Leal, publicada no volume 71 do Panorama, com o título de "Bem querer e mal querer".

Sobre o assunto, leia se o opúsculo A Lombada dos Esmeraldos na Ilha da Madeira pelo Pe. Fernando Augusto da Silva, coautor deste Elucidário.

Abreu (Francisco Ferreira de). Era, em 1828, juiz dos orfãos da capitania de Machico, tendo desempenhado antes os cargos de feitor de embarque, escrivão das execuções ultramarinas e escrivão da15