ELUCIDÁRIO MADEIRENSE - VOLUME I

palavras servem de introdução. Foi na sessão ordinária do mês de Maio de 1917 que o membro daquela corporação administrativa Sr. João Augusto de Pina apresentou a proposta para a publicação deste trabalho, que deveria ser moldado nas bases contidas na mesma proposta e que constam das seguintes palavras:

“.... Quero referir me a uma obra literária, de carácter histórico, mas de feição popular e principalmente destinada às classes menos doutas, de fácil e pronta consulta, em que toda a vida deste arquipélago nas suas múltiplas manifestações e variados aspectos seja posta em saliente relevo, embora em resumido quadro, a fim de não dar a essa obra proporções demasiadamente exageradas. Esta circunstância não exclui a necessidade de ocupar-se esse trabalho dos principais acontecimentos ocorridos na Madeira no longo período de cinco séculos, das biografias dos seus homens mais notáveis, dos seus usos, costumes e tradições, da sua actividade literária, científica, artística, industrial, agrícola e comercial, da benignidade do seu clima, da riqueza da sua fauna e da sua flora, das incomparáveis belezas da sua paisagem, etc., etc., de molde a tornar essa obra um repositário abundante de informações e notícias, que possa particularmente interessar a todos aqueles que, por falta de tempo ou de preparação especial, não lhes seja possível consagrar se a demorados estudos e mais largas investigações».

Dentro da esfera dos nossos apoucados recursos e do limitado espaço de que podíamos dispor, procuramos desempenhar nos com o mais escrupuloso empenho do pesado encargo que voluntária e desinteressadamente tomámos, escrevendo um livro que não somente satisfizesse às necessidades das classes populares, para as quais era especialmente destinado, mas que também fosse de proveitosa consulta para as pessoas cultas, indicando as mais copiosas e autorizadas fontes a que devem recorrer os que desejarem alcançar notícia mais completa e desenvolvida acerca dalguns dos assuntos versados na presente obra. E, apesar da feição elementar que caracteriza o Elucidário Madeirense, não nos julgamos dispensados de aprofundar o estudo de certos pontos da história deste arquipélago, aproveitando para isso algumas demoradas investigações por nós feitas em anos já passados e realizando recentemente outras novas, tendo deste modo carreado alguns apreciáveis materiais para a história destas ilhas, como deixamos acentuado no artigo História Madeirense. Ao compromisso tomado, faltou apenas a observância duma cláusula, que, motivos de todo o ponto alheios a nossa vontade, não permitiram realizar: a publicação deste livro dentro do tempo que primitivamente lhe fora assinalado.

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