— Pode acreditar no que lhe digo. Carlos não tem o menor sintoma de perturbação mental. Nesse mesmo dia da nossa visita ao Louvre emancipou-se da minha solicitude e viveu sobre si. Depois que voltou ao Rio de Janeiro entretivemos uma correspondência seguida; e nas suas cartas respirava certo contentamento íntimo e sereno, que eu vim encontrar na sua vida habitual.
— Então é feliz o seu amigo? perguntou Amália.
— Acredito que sim.
— E o senhor afirmou que ele não tinha esquecido a mulher e nem a esqueceria nunca?
— Afirmei, e posso prová-lo, acudiu Henrique Teixeira picado pelo remoque da moça.
— Há de ser difícil.
— Promete-me guardar reserva sobre o que lhe contar?
— Mais do que reserva. Prometo-lhe não acreditar nem uma palavra do seu romance, o que não me impedirá de aplaudi-lo, se for interessante como espero. Nesse momento a sala enchia-se de convidados; e o piano dava o aviso da primeira quadrilha.
Amália, tomando o braço de seu par, separou-se do doutor com esta palavra, confeita em um sorriso:
— Depois.