«Donde, o atalha a Sibylla, ó Palinuro,
Donde esse impio desejo? não mandado
A severa corrente olhar das Furias,
Traspassando insepulto a estygia borda!
385Não penses em dobrar com rôgo os fados.
Mas por confôrto e allívio attento escuta:
Dessa comarca, instados por assombros,
Ham-de os vizinhos suffragar teus ossos,
Com dons solemnes tumular-te, e o sítio
390Terá de Palinuro o nome eterno.»
Deste nome se paga, e um tanto as penas
Do coração modera e desafoga.
Marchando avante, ás aguas se appropinquam.
Do lago o arraes, que os avistou no mudo
395Bosque andando, á ribeira encaminhados,
Os saltêa e os exprobra: «Tu, quem sejas,
Nestas margens armado o que pretendes?
Nem mais um passo; aqui sómente as sombras
E a soporosa Noite e o Somno habitam:
400Os vivos não transporta o casco estygio.
Nem me gabo de haver tomado Alcides,
Pirithôo e Theseu, bem que invenciveis
Prole fôssem divina: aquelle trouxe
Dos pés do throno o guardião do inferno
405Tremente e agrilhoado; ao régio tóro
Subtrahir a senhora os dous tentaram.»
Curto responde a Amphysia: «Taes insídias
Não temas; estas armas não te offendem:
No antro ladrando eterno, exsangues sombras
410Assuste o gran’porteiro; ao tio casta,
Recatada Prosérpina se encerre.
Tam guerreiro quam pio, ao Orco Enéas
Desce ante o pae. Se a filial virtude
Não te abranda e commove, eil-o (descobre
415Na veste o ramo occulto), reconhece-o.»