resto do mundo. Perto de Ancio, no fundo, ao longo da praia, avistam-se palacios tam bem conservados nos alisserces, que parece terem-se desenhado nas aguas plantas de architectura, e em terra se deixam vêr outras immensas ruínas.»
68-77. — 65-75. — O costume dos antigos de se voltarem ao oriente, quando oravam, foi adoptado pelos christãos. A agua benta vem da agua lustral dos pagãos. Dá-se aos rios o epitheto cornígero, porque eram honrados sob a figura de um touro, ou por causa dos mugidos das suas ondas, ou por terem muitos braços: eram tambem representados sob a figura humana, mas de cornos na testa.
97-114. — 94-111. — Ao se approximarem as embarcações ao pobre e pequeno burgo de Pallantéa, assento futuro de Roma, Pallante se ergue da mesa, onde se achava com seu pae Evandro e com os principaes da terra, em um festim solemne em honra de Hercules; péga da lança, e de um outeiro exclama aos Troianos: «Juvenes, quae causa subegit Ignotas tentare vias? quo tenditis?..., etc.» Delille com razão admira as poucas palavras empregadas para informar-se de tanta cousa. Esta concisão lembra-me a estancia L do canto VI dos Lusiadas, onde o autor em dous versos diz que aos doze de Inglaterra as damas escreveram, cada uma ao seu; todas a D. João I, e o duque de Alencastro, a cada um dos cavalleiros e ao rei.
127.-133. — 123-128. — Mr. Tissot, a quem segue Mr. Villenave, pondera: «Aqui não ha esfôrço de virtude, nem occasião de blasonar da coragem de vir expôr a cabeça a um perigo imaginario. Apenas poderia assim fallar Enéas a um tyranno cruel e feroz como era Mezencio.» Ora, postoque Evandro fôsse bom de coração, o têr sido um dos chefes dos Gregos, ser parente dos Atridas, inimigo dos Troianos outrora, eram circumstancias que deviam ser attendiveis a um principe que, por qualquer imprudencia, podia comprometter a grande causa: todavia as outras considerações, que elle expende a baixo, venceram esse tal qual receio. E he por um artificio oratorio que Enéas faz valer a franqueza com que se expõe a pedir auxílio a um antagonista de Troia; pois deste modo se insinuava no espirito de Evandro, mostrando-lhe a seguridade que lhe inspiravam as pessoaes virtudes do grego monarca. De mais, Mr. Tissot interpretou mal o mea virtus do verso 131: aqui não significa esfôrço de virtude e coragem da parte de Enéas; significa sim, como reflecte o padre La Rue, a consciencia de nada ter feito para incorrer no odio de Evandro, a confiança na propria lealdade. Neste sentido verti este lugar; e o mesmo fizeram o Snr. João Gualberto e Barreto Fêo.